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O que Jesse Livermore me ensinou sobre o mercado e por que isso ainda importa hoje

  • Foto do escritor: Robson Sobieski
    Robson Sobieski
  • 3 de jun.
  • 3 min de leitura

Livermore ficou milionário na década de 1920 operando com regras simples, baseadas em padrões de preço, leitura de fluxo e disciplina. E o mais impressionante é que isso ainda funciona. Em "Reminiscências de um Especulador Financeiro", ele conta tudo como se fosse uma conversa. E ali estão as lições mais práticas e valiosas que já li sobre especulação.


Como tudo começou

Quando reli esse clássico, comecei a enxergar com outros olhos. Livermore não começou como gênio. Ele era só um menino de 14 anos anotando preços num quadro. O diferencial dele foi perceber que os preços têm comportamento. Ele observava, anotava, testava. Viu que padrões se repetem. E mais: entendeu cedo que o mercado não muda. As emoções que movem os preços hoje são as mesmas de cem anos atrás.

Nada em Wall Street é novo. Tudo o que acontece hoje já aconteceu antes. Só muda o nome da empresa.


Conceitos essenciais

Se você é novo nesse assunto, aqui vão os termos básicos que aparecem no livro:

Bucket shop: uma casa de apostas disfarçada de corretora. Você apostava na direção do preço, mas a operação não ia pra bolsa.

Tape reading: leitura de fita. Antigamente, os preços vinham numa máquina. Livermore lia aquilo e decifrava o fluxo do mercado.

Margem: valor que você deixa como garantia para operar alavancado.

Short squeeze: quando muita gente está vendida e o preço sobe forte, obrigando todos a recomprar no desespero.


O que fez Livermore diferente

Ele não apostava baseado em dica ou emoção. Ele esperava ver o mesmo padrão de antes. Se o padrão estava lá, ele operava. Se não estava, ele ficava de fora. E ele anotava tudo. Acertos, erros, repetições. Aprendia mais com uma fita de cotação do que muita gente aprende em anos de curso.

Um dia, ele e outro operador estavam vendidos em milhares de ações da Sugar. O mercado começou a hesitar. Mesmo com o preço a favor, ele ficou desconfiado. Algo estava errado. Saiu da operação. Minutos depois, a ação disparou contra. Ele escapou por segundos. Aquilo não foi sorte. Foi leitura de sentimento de mercado.


Os erros que ele cometeu e que você provavelmente já cometeu também

Operar todo dia. Ele tentou fazer isso e quebrou. Disse claramente: ninguém tem justificativa técnica pra operar todos os dias. Operar por tédio é receita pra desastre.

Achar que o mesmo sistema funciona em qualquer lugar. O que funcionava nas bucket shops não funcionava numa corretora de verdade. Ele teve que reaprender quase tudo.

Confundir coragem com alavancagem. Ele explicou que arriscar tudo quando se tem pouco é muito mais ousado do que arriscar muito quando se tem sobra. Coragem não é lotar a mão, é ter convicção.


Isso ainda serve pra hoje?

Totalmente. O que ele fazia é o que todo trader disciplinado ainda faz. Observar padrões. Esperar o momento certo. Controlar o risco. Operar só quando tem convicção.

O tape reading de hoje não é mais na fita, mas é o mesmo conceito. Book de ofertas, times and trades, footprint. A lógica é a mesma: entender o fluxo.


Algumas dúvidas que o livro responde

Esse método ainda funciona? Sim. A base do mercado é comportamento. E comportamento humano não muda com tecnologia.

Tape reading morreu? Não. Evoluiu. Hoje está mais sofisticado, mas o princípio continua: ler fluxo e volume em tempo real.

Livermore quebrou porque o método falhou? Não. Ele mesmo reconheceu. Foi emocional. Falta de controle. O método dele funcionava. Ele é que deixou de seguir.


Uma comparação que ajuda a entender

Aspecto

Bucket Shop

Corretora de verdade

Execução

Instantânea, mas fictícia

Real, com possibilidade de slippage

Risco de contraparte

Alto

Regulamentado

Margem

Baixa (alta alavancagem)

Controlada por norma

Limite de operação

Frequentemente imposto

Limitado apenas pelo seu capital


Conclusão

Esse livro é um mapa de sobrevivência no mercado. Ele mostra que ganhar dinheiro não tem nada a ver com dica quente ou estratégia mágica. Tem a ver com observar, pensar, esperar e agir só quando faz sentido. A maioria perde dinheiro não por falta de técnica, mas por excesso de pressa.

Livermore deixou um legado. E se você entende esse legado, já está muito na frente. O mercado premia quem respeita os ciclos, não quem tenta forçar entrada o tempo todo. Esse livro me ensinou isso. E continuo aprendendo com ele até hoje.


Livro Reminiscências de um Especulador Financeiro

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