Quem é R. N. Elliot: Teoria das Ondas
- Robson Sobieski
- 18 de ago.
- 3 min de leitura
A maioria das pessoas olha para o sobe-e-desce frenético do mercado financeiro e enxerga apenas caos. Preços variam ao sabor das manchetes, investidores mudam de opinião da noite para o dia, e o sentimento parece oscilar entre euforia e pânico como se tudo fosse aleatório. Mas será que é mesmo? Para Ralph Nelson Elliott, a aparente desordem do mercado esconde um padrão preciso: uma sequência de ondas que revelam como a psicologia humana se manifesta nos preços.
Um contador doente que decifrou o mercado
Elliott não era trader, tampouco economista. Era contador. Aos 58 anos, diagnosticado com uma doença intestinal grave e forçado a se aposentar, mergulhou obsessivamente em décadas de gráficos históricos. Catalogou 75 anos de dados, procurou padrões de comportamento recorrentes e concluiu: o mercado se move conforme ciclos previsíveis de otimismo e pessimismo, gerando “ondas” que seguem lógica matemática. Foi assim que nasceu o Princípio das Ondas.
A matemática por trás do comportamento humano
A teoria parte de uma premissa: o mercado reflete emoções humanas coletivas. Como os seres humanos reagem de forma cíclica ― alternando esperança, medo, ganância e euforia ― essas emoções criam padrões fractais de movimento. Elliott enxergou esses ciclos obedecendo à sequência de Fibonacci, famosa proporção natural usada por arquitetos, artistas e… pelo mercado de ações.
Cada ciclo completo contém uma sequência de oito ondas: cinco ondas de impulso (a favor da tendência) e três corretivas (contra a tendência). Esse modelo se repete em qualquer escala – de gráficos de 1 minuto a ciclos que duram décadas.
Onda | Tipo | Psicologia predominante |
1 | Impulso | Tímido começo de uma nova tendência |
2 | Correção | Dúvida, mercado testa se a nova direção é real |
3 | Impulso | Euforia: a onda mais explosiva e emocional |
4 | Correção | Lateralização; consolidação do movimento |
5 | Impulso | Excesso de otimismo; sinais de exaustão surgem |
A | Correção | Primeira queda do movimento corretivo |
B | Correção | Falso alívio; market tenta retomar alta sem fôlego |
C | Correção | Capitulação final; pânico generalizado |
Por que tantos discordam?
A teoria é elegante ― mas controversa. Sua maior crítica é a subjetividade: dois analistas podem contar ondas diferentes no mesmo gráfico. Elliott exige disciplina rara: é uma linguagem a ser aprendida com tempo, estudo e prática. Outro ponto fraco é que ela funciona muito melhor como ferramenta descritiva do que preditiva: fica mais fácil enxergar as ondas depois que elas aconteceram.
Mesmo assim, muitos traders insistem em usá-la. Por quê? Porque, quando combinada com indicadores objetivos (como IFR, MACD e Médias Móveis), a teoria de Elliott se transforma em uma poderosa estrutura para contextualizar movimentos e antecipar probabilidades ― principalmente em mercados voláteis como criptomoedas e Forex, onde o efeito manada é mais evidente.
Crítica | Como reduzir o problema |
Contagem subjetiva | Usar indicadores técnicos para confirmar ondas |
Difícil usar em tempo real | Treinar nos tempos gráficos maiores (diário/semanal) |
Correções complexas confundem | Priorizar operações nas ondas de impulso, como a onda 3 |
Não é sistema operacional completo | Integrar com gestão de risco e stops técnicos |
Conclusão: Elliott como bússola, não como GPS
O Princípio das Ondas não “prevê o futuro”. Ele organiza o caos aparente em estruturas compreensíveis e repete um lembrete crucial: o mercado não é movido por cifras, mas por seres humanos – emocionais, previsíveis, cíclicos. Elliott não é uma arma mágica, mas uma bússola. Quando combinada com gestão de risco, psicologia comportamental e outras ferramentas de análise técnica, vira uma poderosa aliada para ver além do ruído e agir com convicção onde a maioria reage com instinto.




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